terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Observações do jogo contra o Tigre!

Hoje, após rever o jogo do JEC contra o Criciúma, pude fazer algumas observações que acho pertinentes.  Um dos erros do Argel na primeira etapa foi sair jogando com Tiago Real na lateral direita, não apoiou, não marcou, errou passes e foi por ali que o time do sul do estado infernizou a vida do tricolor.
Os dois laterais, principalmente o Gilton não acompanha o jogador que cai no seu costado, num posicionamento típico do ala que recebe a cobertura do zagueiro, cobertura esta que ficou sobrecarregada para Gleydson e para o lento Linno. João Henrique nada acrescentou e deveria ter sido substituído rapidamente, pois também não soube executar uma marcação eficiente.
Com a entrada de Eduardo na lateral direita, ele e Carlos Alberto fizeram ótimas jogadas no ataque, neutralizaram o setor esquerdo do tigre e deram outra dinâmica a equipe. Pedro Paulo marca muito mas está muito exposto, não temos um volante que dê a segurança que a zaga precisa. Ramon quis fazer gol com goleiro sentado e sendo assim não o fez, prejudicando a equipe num momento de matar o jogo, coisas da bola.
Lima é bipolar pacas, de um primeiro tempo onde não fez xongas, volta pro segundo com o velho e bom faro de gol e cumprindo a máxima dele, erra a primeira e a segunda é caixa. E assim o JEC vai caminhando, montando seu time.
Quero que o Argel cale a minha boca, mas não gostei de como a equipe saiu jogando, nem com dois homens de área na frente, ficamos previsíveis!
Força ao JEC, sempre!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

NBB - São José visita Vila Velha nesta quarta


Paulistas viajam ao Espírito Santo buscando se firmar entre os líderes do campeonato. Capixabas buscam a segunda vitória na temporada 2011/2012
O objetivo do São José/Unimed/Vinac, depois de chegar ao G4 do NBB, é apenas um: manter-se entre os líderes da competição. Ocupando a quarta colocação na tabela, os joseenses encaram o desafio de enfrentar o Vila Velha/Garoto/BMG, fora de casa, nesta quarta-feira e querem a vitória para se firmar no grupo dos quatro primeiros.

A partida será realizada às 20h, no Ginásio Tartarugão, em Vila Velha. O NBB é um campeonato organizado pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a Rede Globo e patrocínio Eletrobras, Caixa, Penalty e Netshoes.

Para a partida no Espírito Santo, o técnico Régis Marrelli terá um desfalque importante. O pivô Murilo, tratando uma tendinite no joelho, será poupado e não viaja com a equipe. Em compensação, o treinador terá a volta do armador Fúlvio, que retorna à equipe após ficar fora por cinco partidas.

O comandante joseense elogiou a equipe capixaba, que melhorou de rendimento nas últimas partidas, mas ressaltou a importância da vitória para os objetivos dos paulistas na temporada.

"O time deles tem crescido e tido resultados apertados em jogos muito equilibrados. Estão crescendo na competição. Tiveram mais tempo juntos e já conseguem colocar em prática melhor as suas características. Será um jogo difícil, mas se quisermos nos manter no G4, temos que vencer", disse Marrelli.

Os capixabas ocupam a 15ª colocação na tabela e buscam sua segunda vitória na temporada, objetivo que tem passado perto nas últimas partidas.Nos quatro confrontos anteriores, Vila Velha foi derrotado por diferenças inferiores a nove pontos. Contra Limeira, no último sábado, o time canela-verde perdeu por três pontos em jogo decidido apenas no segundo final.

"Imagine que estivéssemos iniciando a competição agora no segundo turno? Estamos mais entrosados e melhores taticamente. Alguns jogos estão sendo decididos nas bolas finais, faltando segundos. Saímos tristes com as derrotas, mas sabendo que melhoramos muito", disse o pivô Manuil.


Confira os jogos da quinta rodada do returno do NBB:

08/02 (Quarta-feira)
20h - Vila Velha/Garoto/BMG x São José/Unimed/Vinac

09/02 (Quinta-feira)
19h - Minas Tênis Clube x Vivo/Franca
20h - Paulistano/Unimed x Winner/Limeira
20h - Pinheiros/SKY x Araraquara
20h - Uniceub/BRB/Brasília x Unitri/Universo
20h - Itabom/Bauru x Flamengo
20h - Liga Sorocabana x Tijuca/Rio de Janeiro

A melhor e mais completa clínica de basquete já feita no sul do mundo!!!


O TREINAMENTO APROPRIADO
Por Marcel de Souza, Prof. Dr. Alexandre Moreira e Prof. Júlio Malfi

Data: 24/02/2012 a 26/02/2012


O que treinar, como treinar, como corrigir os erros, o sistema de triângulos, as rotações defensivas, a preparação atlética, o treinamento das categorias de base, os fundamentos do jogo, as leis do jogo, a leitura correta do jogo.

Tudo isso e muito mais, você irá conferir na Clínica de Basquetebol "O treinamento apropriado" com Marcel de Souza, Prof. Dr. Alexandre Moreira e Prof. Júlio Malfi.

Preço: R$ 40,00 (quarenta reais).

Local: GINÁSIO POLIESPORTIVO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS

Nota: os primeiros 40 inscritos terão direito a alojamento grátis no Poliesportivo.

Serão distribuídos certificados de participação ao final da clínica.

Carga horária: 20 horas

Para maiores informações sobre a programação das aulas e horários, por favor, mande e-mail para databasket@databasket.com ou através do tel: 11-7742-1381

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Argel Pancada sob vaias!! Alguma novidade??

É galera, Argel "Pancada" Fuchs vem pra ser o novo treinador do tricolor campeão brasileiro da série C. Nereu Martinelli teria outros nomes na mira, mas penso que pra despistar a imprensa foi atrás de Argel.
Argel não mostrou em time algum a qualidade de um técnico de ponta. Foi campeão da série C pelo Criciúma em 2009, mas em circunstâncias diferentes, herdou um time montado e entrosado de Guilherme Macuglia. Dali por diante nenhum trabalho consistente.
Temo pelo JEC, que tem um time técnico e leve na frente e com Argeu pode ficar mais travado e defensivo.
Chega sob vaias e xingamentos da torcida, o clima está pior do que antes. O jogador Alex, de 21 anos que veio por empréstimo do Botafogo e é apresentado junto com o treinador, deve estar bem assustado. Nereu ficou aborrecido com a torcida, que por sinal está no direito dela.
Penso que Argel não tem clima pra trabalhar logo na chegada, e o time não irá evoluir com ele, temo pelo desempenho do time e pelo futuro a curto prazo.
Quem viver verá!!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E 2012 começou!!

O ano novo começa e alguns sinais nunca mudam. O JEC termina o ano nos braços do povo e começa a nova lua cheio de dúvidas e cornetagens. O basquete fez algumas contratações e o time ganhou corpo e vai brigar pelos playoffs além de ganhar uma vaga na Liga das Américas, o que pode salvar o ano do clube.
A Krona apresenta o time de "galáticos" capitaneados por Fernando Ferretti, criando uma grande expectativa na cidade por títulos de expressão para 2012.

Sobre o JEC, penso que a promoção de Gonzaga Milioli como técnico do tricolor é algo passageiro, tenho informações extra oficiais que o treinador dos sonhos da direção do tricolor não poderia assumir a partir o fim do ano passado, então a solução caseira. Milioli não inventou nada e manteve a estrutura tática que Arturzinho montou, na estréia foi uma caricatura de praça do time campeão da série C. Sem contratações de peso e com um elenco que mescla a experiência com a juventude o JEC deve fazer do Catarinense um imenso laboratório para revelar jogadores da base, pois todo o ano o estadual derruba treinadores e massacra jogadores e acaba com qualquer planejamento feito previamente, portanto vamos apoiar pois acho que o rumo pode ser outro.

Fica a dica para o tricolor fazer peneirões nas cidades vizinhas como São Francisco do Sul, Araquari, Garuva, Barra Velha para trazer os jovens que não possuem condições de vir até Joinville e desta forma trazem mais torcedores e consumidores da marca JEC além de se arriscar a revelar uma jóia que pode estar perdida nestas cidades.
E o ano segue...a gente se fala!!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tabelinha com....... Marcel de Souza (Parte II)

Esta é a segunda parte da entrevista com o super Marcel, um mestre e um exemplo a ser seguido, aproveitem!!

Esporte Joinville - A Escola Nacional de Técnicos vem trazendo avanços?

Marcel - O Brasil é muito vasto e antes da ENTB apenas a CBB tentava levar algum conhecimento aos professores de educação física que ensinavam o basquete.

A ENTB, embora seja uma escola criada de cima para baixo, ou seja, a CBB e não os técnicos a organizou, está conseguindo levar aos treinadores da base um grande instrumento de aprendizado do jogo.

EJ- A 4ª edição do NBB irá começar agora em novembro, o que você acha da liga? O nível e a estrutura das equipes melhorou significativamente ou não?

Marcel - A única restrição à NBB é o fato de se limitar o número de participantes por estado, sem levar em conta o potencial de equipes que estão de fora da competição em fazer uma melhor espetáculo do que equipes que têm seu lugar garantido por estatuto.

Na minha opinião, o critério deveria ser apenas de mercado, financeiro e técnico, pois se alguma equipe conseguir um grande patrocínio, jamais poderá participar se a cota dos clubes por estado estiver completa.

Também me incomoda muito o fato de que a final do NBB4 será realizada em um único jogo, o que vai contra ao grande basquete e, embora, financeiramente possa ser mais rentável, para o campeonato tal decisão não será tecnicamente lucrativa..

Eu acredito no dia em que a TV aberta terá interesse em transmitir todos os jogos de uma grande série final do NBB, como acontece em todos os lugares onde o basquete é levado a sério.
Quem justifica com dados financeiros e de “audiência” a final com jogo único, ou nunca jogou, ou jogou muito pouco e com certeza nem leva em consideração a macro-importância de uma competição como o NBB no esporte basquete bem como sua importância social e sua sobrevivência como um todo.



EJ - O que você pensa do trabalho de base feito pelos clubes brasileiros?

Marcel - Como disse, nossos técnicos trabalham pressionados pelos resultados e isso nunca foi compatível com o ensinamento correto do jogo.

Na minha formação como jogador de basquete (até os 15 anos), eu fazia apenas 7 jogos por temporada e meus técnicos tinham tempo para me treinar em todos os fundamentos sem se preocuparem se íamos ou não ser campeões do Sub-13!

Hoje é necessário ser campeão desde os 11 anos e o técnico desses garotos devem por força vencer e não ensinar o jogo.

Essa realidade é determinada pelos clubes, que não vêem (o Word ainda está com o sistema ortográfico antigo), interesse em apenas ensinar o jogo sem a competição. Preferem não ter a atividade caso não haja uma disputa oficial.

O ensinamento do jogo passa também por ensinar o jogador a competir, mas isso não deve ser o motivo principal que oriente a formação das novas gerações de atletas de basquetebol.


EJ - Como médico do Programa Saúde da Família e como Radiologista, você consegue ser tão feliz quanto em quadra? Conte-nos como foi a saga em se tornar médico jogando basquete profissionalmente.

Marcel - Muito mais feliz. Os elogios que recebia em quadra são agora dados no âmago de uma relação médico-paciente, onde o importante é aliviar o sofrimento deste.

Tudo começou em 1976 quando meu pai me disse que eu só voltaria para a Bradley se entrasse numa faculdade no Brasil.

Naquele ano fiz cursinho em São Paulo e entrei na Medicina por opção que até hoje não sei bem como foi feita.

Creio que tenha me olhado no espelho e visto lá dentro de mim um médico. Deve ter sido isso, pois a medicina é uma espécie de missão e a gente não escolhe a missão.

A missão é que nos escolhe.

Sei que daí para frente foi uma luta muito dura para conciliar o basquete em alto nível e a medicina.

Lembro-me de ir dormindo no ônibus até Franca, jogar, vencer e voltar dormindo até Jundiaí.

Chegava dos treinos do Sírio as 11 da noite e estudava até as 2 ou 3 da manhã.

Fazia plantão de internato direto, pois tinha que deixar dias livres para os jogos.

Enfim foi uma luta até me formar a qual sobrevivi sem DPs ou 2ª época.

Formei-me em 6 anos.

Retomei a medicina 10 anos depois para a especialização em Radiologia, mas daí já havia me tornado treinador e tudo foi mais fácil.

Hoje encaro a medicina como encarava o basquete: Treinamento duro e bola prá frente.

14 - Você pode relacionar quais os melhores jogadores com que jogou?

Na minha época joguei com e contra todos os melhores do mundo de Ubiratn, Wlamir Marques e Amaury Passos no Brasil, até Larry Bird, Magic Johnson e Michael Jordan, de 72 a 92 foram praticamente todos.

EJ - Quais os treinadores que mais te influenciaram na carreira?

Marcel - No início meu pai, que jogava basquete, mas nunca chegou a uma seleção, embora tenha jogado até no Sírio.

Todo filho quer de um modo ou de outro imitar o pai e comigo não foi diferente.

Dentro e fora das quadras ele me ensinou e me foi exemplo da única coisa que eu precisava saber para a minha vida inteira: ele me ensinou a aprender.

Daí para frente foi mais fácil e eu contei com a sorte de ter sido treinado por pessoas que me entenderam e me fizeram expressar o melhor de mim.

O primeiro deles foi João Francisco Bráz, medalhista olímpico em Londres 48, que veio para Jundiaí e nos ensinou todos os fundamentos do jogo.

No Sírio tive Pedro Genevicius, que corrigiu a minha aterrissagem após os arremessos.

Depois veio o grande Joe Stowell, meu técnico na Bradley, que me ensinou a entender o jogo de uma maneira total e seus conceitos são modernos até hoje.

Não os apliquei muito aqui no Brasil, mas na Itália o que ele me ensinou foi fundamental.

Depois dele sou muito grato a Claúdio Mortari meu técnico na era gloriosa do Sírio e a Edson Bispo do Santos meu primeiro técnico na seleção.

Ambos me levaram a jogar o melhor que podia e eu não os decepcionei.

Na Itália tive Bogdan Tanjevic, que me mostrou a intensidade que o jogo deve ser encarado e Giorgio Montano, que me ensinou todas as nuances do basquete de hoje.

Sou agradecido a Ary Vidal, que em certos momentos da minha vida substituiu meu pai fora das quadras e dentro dela me permitiu interpretar o jogo de basquete da maneira que eu achava apropriada naqueles também gloriosos momentos,

Por último, e eu sei que estou me esquecendo de muitos treinadores que também me ajudaram, não posso deixar de agradecer a Edvar Simões por ter me recuperado para o basquete quando tudo parecia perdido e poucos ainda acreditavam em mim.

Edvar me ensinou que eu poderia falar tudo o que desejasse, mas que eu teria que estar disposto e aberto a ouvir o que os outros tinham para me falar e expressar. Além de vencer o que fosse possível, é claro.


EJ - Considerações finais, espaço aberto para falar sobre algo que gostaria de responder e não foi perguntado.

Marcel - O que não me foi perguntado é o que não deveria ser falado, portanto espero que você tenha gostado de minhas palavras. Obrigado.





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tabelinha com......... Marcel de Souza (parte 1)


Uma das melhores coisas da vida é termos heróis desde a infância, e outra melhor ainda é poder conviver e se comunicar com estes heróis. Este blog simplesmente está conseguindo algo fantástico, ter no quadro Tabelinha os heróis desse que vos escreve.
Nesta semana, tenho o prazer de entrevistar um dos meus heróis. Homem com visão de mundo e do esporte que ajudou a promover no nosso país. Médico do Programa Saúde da Família, Radiologista, treinador  e um dos maiores jogadores de basquetebol da história do Brasil, tem opiniões fortes, precisas e por isso o Tabelinha desta semana é com MARCEL DE SOUZA!!!!!

Esporte Joinville - A família é muito importante no apoio ao atleta em todas as fases da carreira. Gostaria que você relatasse um pouco da importância da família na sua escolha pelo basquete.

Marcel - Na verdade, nada substitui o treinamento e o tutor. Esse pode não ser da família, que é importante para a formação emocional de todos nós.

Minha família sempre me apoiou e meu pai foi um excelente tutor. Devo tudo a ele.

EJ- Impossível não lembrarmos de momentos épicos da sua carreira como jogador no Mundial de 1978 no último segundo contra a Itália, no título Mundial com o E.C Sírio em 1979 e o título Pan-Americano em Indianápolis em 1987. Qual foi o melhor momento da sua carreira?

Marcel - O basquete é um esporte coletivo e o Pan de 87 foi o melhor momento nesse sentido.

Já a cesta das Filipinas no mundial de 78 foi o que mais marcou a minha carreira como indivíduo.

EJ - Qual a importância do E.C Sírio na tua vida?

Marcel - O Sírio foi o clube que me deu condições de desenvolver todo o meu potencial e embora eu já estivesse na seleção brasileira (aos 16 anos) quando fui para lá, tenho certeza que se não fosse o Sírio, eu não saberia onde poderia chegar como atleta.

EJ - Como foi a ida para os Estados Unidos jogar no basquetebol universitário?

Marcel - Fui para os Estados Unidos porque eu já era cestinha do campeonato paulistano, do campeonato estadual e do campeonato brasileiro, mas continuava “reservão” na seleção.

Quando meu pai foi perguntar aos dirigentes da seleção brasileira se não estava na hora de me darem uma chance, ouviu deles que eu ainda era muito novo, que outros atletas iriam jogar e que eu deveria esperar pela minha vez.

Meu pai então, lhes disse que se era para esperar a vez ele iria me mandar para uma universidade americana (Bradley University).

Eu, é claro, fui. Já no terceiro jogo do ano virei titular e tive uma média de 14,4 pts por partida naquela temporada.

Meu técnico (Joe Stowell) me garantiu que se eu ficasse lá por quatro anos, seguramente jogaria na NBA.

Isso provocou uma reação muito grande no basquete brasileiro e, contra a minha vontade, novamente respeitei as orientações de meu pai, retornei ao Brasil e me tornei titular da seleção brasileira de 76 até as Olimpíadas de 92 quando perdi essa condição e encerrei minha carreira na seleção.

EJ - E a transferência para o basquete italiano, houve alguma dificuldade de adaptação ao jogo e aos métodos de treinamento?

Marcel - Veja bem, eu jogava sem dificuldades no Brasil e fui para o melhor campeonato do mundo, fora da NBA, na época.

Foi um choque ideológico muito grande o qual durou todo o primeiro turno da competição.

Lá fui apresentado ao verdadeiro basquete e até hoje não consegui trazer as minhas convicções, que foram forjadas nessa experiência italiana, para o basquete brasileiro.

EJ - Com o fim da carreira de jogador se aproximando na volta ao Brasil no início dos anos 90, como aconteceu a migração para a carreira de treinador?

Marcel - Quando percebi que eu enxergava o jogo, mas estava sempre um segundo atrasado, ou seja, não reagia com a mesma velocidade de antes, resolvi parar de jogar.

Meu joelho também colaborou muito para a essa decisão.

Entretanto, tinha desejo de continuar no meio do basquete e a opção de ser treinador veio naturalmente.

Encerrei minha carreira num jogo Palmeiras e Santa Cruz do Sul numa sexta-feira e no domingo já era o técnico de Guarulhos.

EJ - Você em 2007, dizia ser a favor de um técnico estrangeiro para a seleção desde que, esse vivenciasse a nossa realidade, o atual técnico da seleção e o anterior conseguiram trazer alguma evolução pro basquete brasileiro?

Marcel - Em 2007, Mike Frink e Flor Melendez sabiam muito bem como funcionava o basquete brasileiro como um todo e eu não criticaria a decisão de torná-los treinadores da nossa seleção.

Frink foi assistente técnico da seleção brasileira em 92 e Melendez já treinou várias seleções além de Porto Rico. Ambos foram treinadores de equipes brasileiras.

O basquete brasileiro sempre esteve entre os melhores do mundo, caso contrário não teríamos tantos jogadores atuando fora do Brasil nos mais diversos níveis.

O que nunca aconteceu na nossa seleção e ainda não acontece atualmente, embora os resultados já estejam aparecendo com uma mudança de atitude dos principais jogadores da nossa seleção, foi o treinamento apropriado.

Até o pré-olímpico de Mar del Plata, treinamos e jogamos como se sempre fez em nossos campeonatos.

O grande valor de Magnano foi treinar e jogar como se faz na Argentina, que é uma potência mundial.

O maior valor de nossos principais jogadores foi o de perceber que Mar del Plata era a “última praia” para que eles pudessem deixar algo de bom para as gerações futuras e para eles mesmos, pois a participação em Olimpíadas coroa a nossa carreira e nos transforma em exemplo para os novos atletas.

No entanto, o que vimos posteriormente a essa grande conquista, no Pan de Guadalajara, foi uma volta ao velho esquema, mesmo com o nosso excelente técnico no comando, o que mostra que ainda não desenvolvemos todo o nosso talento, nem compreendemos o que é seleção brasileira de basquete.

EJ - O perfil do atleta de basquetebol brasileiro mudou? Houve alguma evolução significativa que possa nos colocar como protagonistas em competições de nível mundial?

Marcel - Hoje somos mais fortes, mais ágeis, mais velozes e saltamos muito mais. Além disso, o mundo ficou menor e temos muito mais contato com o grande basquete desde a nossa formação como jogador.

Na minha época não existiam a TV a cabo, nem a internet, que trouxeram entre outras coisas, a cultura esportiva e o melhor basquete do mundo.

Atualmente o grande sonho de um jogador é atuar na NBA ou na Europa. Temos vários deles nessa condição.

De qualquer maneira, nunca deveremos nos esquecer de nossas origens, da nossa criatividade e intuição, que são os fatores que nos diferenciam do basquete praticado no mundo inteiro.

O dilema é colocar nossas características culturais e esportivas dentro de um jogo globalizado, sempre em transformação e desenvolvimeno.

É preciso conhecer ambos os lados dessa equação para atingirmos os resultados que atualmente ninguém acredita que possamos conseguir.


EJ - Os treinadores brasileiros conseguiram evoluir nos métodos de treinamento?

Marcel - Os técnicos brasileiros, em qualquer nível, são pressionados por resultados e tendem a esconder os defeitos de seus jogadores para, por outro lado, evidenciar suas qualidades.

Não acho completamente errada essa pressão, mas isso provoca uma especialização precoce dos atletas e uma formação incompleta de nossos treinadores.

No final, para compensar essa deficiência técnica e de preparação de equipes, utilizamos de relações políticas para alcançarmos nossos objetivos em campo. É o que eu chamo de “gogó”.

Temos em nossos campeonatos excelentes “gogozeiros” tanto na quadra como na direção das equipes (técnicos e dirigentes).

Ora, todos os países, num menor ou maior grau, aplicam o “gogó” em seus campeonatos regionais e nacionais, mas quando o assunto é competição de alto nível, o “gogó” não tem valor de mercado e é justamente essa arma que sempre levamos para o grande basquete (à exceção de Mar del Plata).

Eu não vi ninguém “gogozar” em Mar del Plata. Vi, isso sim, uma equipe treinada, que faria qualquer sacrifício para atingir o objetivo comum (abdicar de glórias individuais, inclusive).

Se não preparamos apropriadamente nossas seleções e equipes, e utilizamos apenas o “gogó” dificilmente chegaremos a algum lugar como esporte e os treinadores têm grande parcela de responsabilidade nisso.

Devido à quantidade de perguntas da minha parte, dividi a entrevista em duas partes, logo posto a segunda parte!! Por enquanto deleitem-se!
É isso aí....